Você já se viu encarando um problema que parece não ter solução? Um desafio que, por mais que você reflita, simplesmente não encontra uma saída satisfatória? Essa sensação é mais comum do que se imagina.
Herbert A. Simon foi um dos pioneiros da teoria da “racionalidade limitada”. Em sua frase: “A resolução de problemas é uma questão de decisão sob incerteza e limitação de recursos cognitivos”, ele definiu a importância de tomar decisões baseadas em informações e recursos disponíveis. Outro estudioso, Chris Argyris, desenvolveu o conceito de “aprendizagem em duplo ciclo”, que sugere que a resolução eficaz de problemas exige que as pessoas não apenas ajustem suas ações, mas também questionem as premissas subjacentes às suas estratégias. Não podemos deixar de mencionar Daniel Kahneman, que trouxe a neurociência para a economia, apontando que frequentemente usamos atalhos mentais, ou as chamadas heurísticas, que nos levam a decisões equivocadas.
Portanto, com base nessas várias teorias, percebemos que, muitas vezes, o que precisamos não é só mais informação, mais esforço ou mais recursos, mas sim uma nova forma de olhar para o problema. Ou seja, reformular é a chave.
Quando enfrentamos um problema, é natural tentar solucioná-lo da forma como sempre fizemos. Nossa mente se habitua a seguir padrões conhecidos, o que pode ser útil em algumas situações, mas muitas vezes nos limita. Permanecer na zona de conforto nos leva a um ciclo de frustração e estagnação. Ao reformular a situação, mudamos a perspectiva e abrimos espaço para novas soluções. Essa prática permite enxergar o que antes estava oculto, encontrar alternativas criativas e, muitas vezes, perceber que o problema é diferente do que inicialmente imaginávamos.
Por exemplo, em vez de perguntar “Como posso aumentar a produtividade da equipe?”, uma abordagem diferente poderia ser “O que está impedindo a equipe de ser mais produtiva?” ou “Quais são as condições ideais para que a equipe atinja seu potencial?”. As respostas a essas perguntas podem levar a insights mais profundos e a estratégias mais eficazes, porque passam a focar na causa raiz e não apenas nos sintomas.
Encarar os desafios de uma maneira positiva pode ajudar a transformar problemas em oportunidades de crescimento. Um impasse pode ser visto como uma chance de melhorar processos, desenvolver novas habilidades ou fortalecer a colaboração.
Essa mudança de mentalidade é especialmente importante em ambientes de trabalho dinâmicos, onde a capacidade de adaptação é crucial. Reformular o problema não significa ignorar os desafios, mas sim encontrar formas mais eficientes de lidar com eles. Ao adotar uma postura mais curiosa e exploratória, você se abre para novas perspectivas que podem transformar situações aparentemente negativas em trampolins para o sucesso.
Imagine que você está enfrentando um obstáculo em um projeto importante. Em vez de focar nas dificuldades, pergunte-se: “Como posso aprender com essa situação?” ou “Que habilidades ou conhecimentos posso desenvolver para superar esse desafio?”. Essas perguntas deslocam o foco do problema em si para o que ele pode nos ensinar, aliviando a pressão e promovendo um ambiente mais aberto ao aprendizado e à inovação.
Outra técnica eficaz para reformular um problema é simplesmente perguntar: “E se…?” Essa pergunta permite explorar cenários alternativos, criar hipóteses e pensar fora da caixa. “E se eu abordar essa situação de uma forma completamente diferente?” ou “E se eu envolvesse outras pessoas para obter novas perspectivas?” Essas questões podem ser reveladoras e abrir caminhos que você nem havia considerado.
Ao fomentar uma cultura que valoriza a reformulação de problemas, promove-se um ambiente de trabalho mais saudável e colaborativo. Equipes que são incentivadas a enxergar desafios sob novos ângulos tendem a ser mais engajadas, criativas e resilientes. Isso não só melhora a produtividade, mas também aumenta a satisfação e o bem-estar no trabalho.
Por exemplo, ao invés de culpar uma pessoa ou um departamento específico por um problema, que tal perguntar: “Como podemos trabalhar juntos para superar essa dificuldade?” ou “Quais recursos podemos compartilhar para encontrar uma solução mais rápida e eficaz?”. Essa abordagem não só evita conflitos desnecessários, mas também promove uma cultura de cooperação e crescimento contínuo.
Outra estratégia poderosa é envolver outras pessoas na busca por soluções. Muitas vezes, ficamos presos às nossas próprias perspectivas e experiências, o que pode limitar a gama de possíveis soluções. Trazer novas vozes e pontos de vista — seja através de conversas informais, feedbacks ou sessões de brainstorming — pode revelar aspectos do problema que não havíamos percebido.
“Como alguém de outro departamento veria esse desafio?”, ou “O que um colega com mais experiência nesse assunto poderia sugerir?” são perguntas que podem ampliar o horizonte e enriquecer a qualidade das soluções encontradas. Além disso, ao envolver outros na resolução de problemas, você também cria um ambiente de trabalho mais inclusivo e colaborativo.
Mudar a forma de pensar pode ser desconfortável, pois desafia crenças e padrões estabelecidos. No entanto, é nesse desconforto que reside o verdadeiro crescimento. Reformular problemas exige coragem para admitir que não sabemos todas as respostas e disposição para explorar o desconhecido. Mas é exatamente essa postura de humildade e abertura que permite que as melhores ideias floresçam.
Então, da próxima vez que você se sentir preso em um problema, tente reformulá-lo. Em vez de ver a situação como um beco sem saída, encare como um convite para explorar novas possibilidades. A solução pode estar apenas esperando por um novo ponto de vista, uma nova pergunta ou uma mente aberta para aceitar o que ainda não foi considerado.
Um problema, muitas vezes, é apenas uma situação que ainda não foi analisada sob a luz certa. Ao reformulá-lo, você não só encontra novas soluções, mas também desenvolve uma abordagem mais flexível e resiliente, essencial em qualquer jornada profissional. A resposta pode estar mais perto do que você imagina.