As consequências da “gestão do medo” nas organizações. A segurança psicológica impulsionando resultados!

Estamos acostumados a ver de tempos em tempos, novos temas entrarem em discussão sobre o que pode levar a uma melhor gestão e liderança. O mote do momento é a “Segurança Psicológica”. Eu, como profissional de treinamento e envolvida com grandes empresas, sempre procuro estar apta e preparada para discutir novas formas e novas metodologias que possam ajudar os profissionais, de um modo geral e consequentemente as empresas. A minha avaliação sempre levou em consideração a corporação como um “todo”, não subdividida como especialidades médicas, tipo: cultura, liderança, comunicação, desenvolvimento, etc. Para mim a empresa é um organismo vivo, vejo as organizações como um clínico geral. Se um aspecto não funciona bem, toda a empresa é afetada. Mas, sem dúvida nenhuma, a Segurança Psicológica é a pedra angular para que tudo isto aconteça.

O tema segurança psicológica realmente veio à tona em 2018, com Amy C. Edmondson, professora e pesquisadora de Harvard, com o lançamento do livro “A organização sem medo”, seguida por outros autores como Timothy Clarke em “Os 4 estágios da segurança psicológica” (este mais recentemente).

Todos estes autores abordam principalmente como a segurança psicológica proporciona a inovação, tão necessária neste momento, mas existem outros benefícios que afetam as pessoas e as empresas.  Há muitos anos venho falando sobre o tema, embora eu não utilizasse o termo “Segurança Psicológica”.  Na verdade, eu não tinha conhecimento desta nomenclatura, e minhas convicções não eram sustentadas em pesquisas e estudos, mas apenas na minha vivência e percepção, portando uma visão totalmente empírica. Hoje, com tantas literaturas disponíveis, vejo que estava certa quanto as minhas colocações.

Lembrando que, já em 2011, Laszlo Bock, executivo do Google, observando a diferença de produtividade entre as equipes, quis avaliar os motivos pelos quais isto ocorria, surgindo assim, o projeto Aristóteles, que deu origem ao livro “Um novo jeito de trabalhar” lançado em 2015.  Este projeto suportado por uma grande pesquisa, apresentou os principais pontos que são a base da segurança psicológica com foco em inovação.

Muitas vezes questionei ambientes tóxicos, que evidenciavam a gestão pelo medo, a inflexibilidade, a falta de transparência, a falta de liberdade de expressão, a falta de feedback, ou a não aceitação de feedback, como sendo anti produtivos, que geravam um grau altíssimo de prejuízo para empresas e funcionários, afora as perdas referentes aos resultados, prejuízos jurídicos com causas trabalhistas etc. Mas o status quo, sempre venceu!

 E aí está! As novas lideranças devem quebrar o status quo e trabalhar para demonstrar as vantagens de uma gestão mais humanista e inovadora. 

Ocorre que tenho visto a abordagem sobre segurança psicológica sendo realizada de forma muito superficial.

A segurança psicológica, tem como base fundamental a cultura e os valores de uma empresa. E esta cultura deve se relacionar de forma positiva com a transparência, o respeito, a comunicação, a flexibilidade, a diversidade e a equidade.  De que adianta estes valores constarem somente em um quadro na parede ou em publicações sobre o clima organizacional, em revistas de RH, etc.? Isto deve necessariamente ser vivenciado!

Entre em uma empresa conhecida como inovadora e em outra conhecida como conservadora, e sinta! Logo no primeiro bom dia você já percebe a diferença! E aí você pensa: Eu gostaria de trabalhar aqui!

Portanto, todos estes fatores intangíveis devem compor o motor que movimenta a empresa, sendo vivenciado e aplicado por cada um dos seus líderes e liderados. Você deve respirar isto no ambiente da empresa e este deve ser um mantra.

Os benefícios são, claro, os que tanto falamos, ou seja; engajamento, produtividade, inovação, melhoria nos resultados, menos afastamentos e turnover, dentre outros.

Sabemos que para algumas empresas, estes processos podem ser muito dolorosos, desgastantes, principalmente quando a cultura é, em sua raiz, fechada, convencional, conservadora e de administração verticalizada. Mas se,  estas empresas melhorarem pequenos aspectos, principalmente referentes à comunicação e conduta, elas poderão alcançar respostas positivas nos seus resultados!

Já para uma mudança mais radical o trabalho é imenso e demorado.  Requer muita convicção da alta gestão, assim como; inspiração e interiorização do conceito por toda a liderança, além de um RH forte e determinado, um planejamento de médio e longo prazo, muito bem estruturado, e principalmente um programa de comunicação extremamente transparente e efetivo.

Este combo de ações dirigidas e bem estruturadas, possibilita a ativação de mecanismos mentais propícios a adesão que promovem um círculo virtuoso de engajamento, comprometimento e colaboração.

Finalizando, a Segurança Psicológica não deve ser simplificada. Ela deve ser observada com muita seriedade e comprometimento na busca de ações que realmente possam revitalizar a empresa, transformando-a em uma organização com visão de futuro, inovadora, com pessoas que se sintam parte de todo o processo, sendo valorizadas, respeitadas e ouvidas, tarjando uma imagem positiva para o público e consumidores em geral, além de se tornar uma empresa atrativa para grandes talentos.

Com certeza, o esforço para implementar esta cultura e modelo de gestão valem a pena!

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