Você também acha que está “morrendo” por um salário?

Tome cuidado com o vazio de uma vida ocupada demais!

Esta frase atribuída ao filósofo grego Sócrates, traz uma reflexão muito interessante sobre como temos conduzido nossas vidas no ambiente de trabalho e sugere também que a busca desenfreada pelo sucesso a curto prazo pode representar o nosso fracasso pessoal a médio e longo prazo, sob o ponto de vista de saúde e relacionamentos.

Sendo assim, hoje eu gostaria de trazer uma reflexão sobre o livro lançado no Brasil em 2019 do escritor americano e professor de Pós-Graduação da universidade de Stanford, Jeffrey Pfeffer, autor e coautor de mais de 15 livros sobre recursos humanos e teoria organizacional. O título do livro é: “Morrendo por um salário” e aborda exatamente o cenário caótico em que vive boa parte das organizações nos Estados Unidos e em diversos países do mundo. No livro, ele fala sobre as mortes causadas pela sobrecarga de trabalho e pela pressão cada vez maior por resultados. Ele menciona números realmente alarmantes, como por exemplo; o pesquisador estima que o estresse no trabalho esteja relacionado à morte de 120 mil trabalhadores americanos por ano, o que representaria a quinta maior causa de mortes no país e que do ponto de vista econômico, as empresas dos Estados Unidos gastam cerca de U$ 180 bilhões adicionais ao ano para cobrir problemas relacionados a doenças de seus funcionários.     

Outro fator importante que o autor destaca é justamente o ambiente tóxico que é gerado nas corporações em virtude de altas cobranças, metas cada vez mais inatingíveis, ambientes altamente competitivos entre os funcionários, ameaça de demissões veladas ou mesmo explícitas.

Neste caso, o que impera é a gestão pelo medo, que como sabemos, pode ocasionar inúmeras doenças físicas, como patologias cardíacas, tumores, dentre outras e também doenças emocionais, como ansiedade, depressão e burnout, por exemplo. Jeffrey também chama a atenção para o aumento do consumo de álcool e drogas, especialmente para dormir, como benzodiazepínicos e antidepressivos por parte dos funcionários em geral.

Na maioria das vezes o ambiente tóxico é atribuído somente à liderança (liderança tóxica), mas não é bem assim. Infelizmente, a conta vai sempre para o líder, mas na minha opinião, existem também muitos liderados, colaboradores e equipes tóxicas que contribuem negativamente no sentido de agravar a situação.

Em ambientes de alta competitividade e muito estresse é comum surgirem feudos ou “panelinhas” que se unem para defender seus interesses próprios, esgarçando o espírito de equipe e criando um abismo entre os colaboradores. Neste caso (aí sim) é muito importante a interferência do líder e da área de recursos humanos no sentido de integrar e incentivar a união de todos, promovendo maior segurança psicológica para os funcionários.

O autor também critica as estratégias de downsizing (ou redução de estruturas) por entender que as mesmas podem funcionar no curto prazo, mas podem causar muitos danos e prejuízos no médio e longo prazo, porque os funcionários que saem podem ir para empresas concorrentes e os que ficam, começam a procurar alternativas porque perdem a confiança na organização.

O fato é que vamos nos acostumando tanto com ambientes deste tipo, que começamos a achar que o tóxico é normal e que é assim mesmo e pronto, mas infelizmente só descobrimos que isto não é verdade quando ficamos doentes ou quando nos desligamos ou somos desligados das empresas. Sim, existe vida saudável e feliz além dos muros blindados das organizações tóxicas!

Enfim, todos nós sabemos que precisamos trabalhar para a nossa evolução pessoal e profissional, para construir um patrimônio, para sustentar as nossas famílias (afinal os boletos não param de chegar), mas vale a pena a gente parar alguns minutos e refletir sobre o preço que estamos pagando para chegarmos aonde queremos. O autor também destaca que priorizar a saúde e a felicidade dos trabalhadores é um investimento estratégico que pode render benefícios não apenas aos indivíduos, mas também ao desempenho geral e sustentabilidade das empresas.

Por fim, gostaria de citar um ditado muito conhecido no mundo corporativo e que eu considero bastante oportuno neste contexto, que é: “there is no free lunch” (não existe almoço grátis). Sendo assim, quando o assunto é saúde, precisamos entender de fato, quanto estamos dispostos a pagar por este almoço e entender também se este almoço não está, na realidade, nos envenenando lentamente!

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