A sensação de insegurança no emprego é uma realidade que atinge muitos profissionais no Brasil. Segundo uma pesquisa recente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cerca de 34% dos trabalhadores temem ser demitidos, reflexo de um cenário onde o mercado enfrenta frequentes incertezas e oscilações. Esse medo, embora comum, pode ter impactos tanto positivos quanto negativos no desempenho e na saúde mental dos colaboradores, afetando a produtividade e a relação das pessoas com o trabalho.
A realidade é ainda mais alarmante diante dos números de demissões em massa que o país vem enfrentando. Relatórios do Ecossistema Great People & GPTW apontam que, nos últimos anos, diversos setores realizaram cortes substanciais, intensificando o sentimento de instabilidade entre os trabalhadores.
Para muitos, o medo da demissão funciona como uma motivação, uma força que os impulsiona a manter altos níveis de dedicação e a aprimorar constantemente suas habilidades, buscando sempre oferecer o melhor desempenho possível. Sob essa perspectiva, o receio de perder o emprego pode servir como um estímulo para que os profissionais invistam em capacitação, trabalhem com mais afinco e se destaquem em suas funções.
Essa busca por estabilidade no emprego, portanto, pode favorecer tanto os indivíduos quanto as empresas, que se beneficiam de colaboradores mais focados e dispostos a evoluir. No entanto, é importante que essa motivação seja acompanhada de estratégias de desenvolvimento para que o medo da demissão não leve ao esgotamento ou ao desânimo.
Por outro lado, o medo da demissão também traz aspectos prejudiciais, especialmente em relação à saúde mental. A pesquisa da CNI identificou que 44% dos entrevistados relataram níveis elevados de estresse ligados à insegurança no emprego e que 28% sentem que essa preocupação impacta diretamente sua produtividade. Funcionários que vivem sob esse temor tendem a evitar discussões abertas, receosos de serem percebidos como vulneráveis, o que impede uma comunicação saudável e transparente com seus gestores. Em muitos casos, essa pressão leva ao chamado “presenteísmo”: o colaborador está fisicamente presente no trabalho, mas com sua capacidade de concentração e produtividade comprometida.
Nesse cenário, manter o currículo atualizado e investir no desenvolvimento profissional pode ajudar a reduzir a sensação de vulnerabilidade. Práticas como revisar e incluir constantemente novas competências no currículo, além de atualizar o perfil no LinkedIn e em outras plataformas profissionais, são atitudes essenciais. Cursos de curta duração, capacitações técnicas e treinamentos em soft skills podem fazer a diferença, destacando o profissional no mercado e ampliando suas oportunidades.
Adotar uma postura de aprendizado contínuo não só fortalece o portfólio profissional como também aumenta a autoconfiança, tornando o profissional menos dependente de seu emprego atual e mais preparado para se adaptar a mudanças repentinas no mercado de trabalho.
Além disso, o medo de ser demitido pode levar profissionais a se sujeitarem a condições insatisfatórias de trabalho, renunciando a direitos, aceitando sobrecarga de tarefas e evitando questionar práticas com as quais não concordam. Esse cenário cria um ciclo de conformismo, que limita a inovação e impede o desenvolvimento de um ambiente de trabalho mais criativo e colaborativo. O temor constante também prejudica a confiança entre gestores e equipe, o que é essencial para o engajamento e para um desempenho verdadeiramente produtivo.
As empresas que reconhecem o impacto desse sentimento em seus colaboradores têm buscado alternativas para atenuá-lo, adotando medidas como a transparência nas comunicações, a valorização de feedbacks contínuos e o apoio ao desenvolvimento profissional. Um ambiente que promove a segurança psicológica, onde os profissionais se sintam valorizados e seguros para expressar opiniões, é fundamental para mitigar o medo da demissão e estimular um compromisso mais saudável com a empresa.
Por fim, o medo de ser demitido afeta um terço dos profissionais brasileiros e, se por um lado esse temor pode motivar os colaboradores a entregarem o melhor de si, por outro, ele também pode gerar uma série de efeitos adversos que comprometem tanto o bem-estar dos trabalhadores quanto a própria produtividade da empresa.
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